Instituto Remo Meu Rumo trabalha na inclusão e fortalecimento físico e mental de crianças
Por Carolina Fioratti
Logo ao entrar na raia olímpica da USP é possível avistar um grande galpão que abriga diversos barcos, remos e aparelhos para exercícios físicos. Ali está a sede do Instituto Remo Meu Rumo, fundado em 2013 por Patrícia Moreno, Ana Helena Puccetti, Cândido Leonelli e Ricardo Macéa em parceria com o CepeUSP.
Patrícia, médica do Instituto de Ortopedia e Traumatologia do Hospital das Clínicas, acreditava que as crianças em tratamento poderiam usar o esporte, especificamente o remo, como ferramenta de reabilitação. Passou então a encaminhá-los para as aulas, que contavam, inicialmente, apenas com um professor de para-remo disponível aos sábados.
Hoje o instituto conta com 130 alunos e um histórico de mais de 250 voluntários ao longo de seus anos de existência, desde educadores físicos e fisioterapeutas até advogados e comunicadores. As atividades também se expandiram, além do para-remo, treina-se para-canoagem e natação, buscando a ambientação dos alunos com a água.
O financiamento funciona em parceria com o Governo Federal através da Lei de Incentivo ao Esporte e, atualmente, não se fecha apenas à encaminhados do IOT, mas também à crianças e adolescentes atendidos na AACD, com quem têm parceria, ou encaminhados por redes da prefeitura, do Centro de Atenção Psicossocial (CAPS), entre outros.
As crianças atendidas pelo projeto têm paralisia cerebral, amputações, lesões medulares, síndrome de down, trauma cranioencefálico e transtorno do espectro autista. Ricardo Macéa, administrador do “Remo Meu Rumo”, conta que pessoas não deficientes também são aceitas, pois “a inclusão começa dentro”.
Ruth, mãe de Vinícius, conta que o filho apresentou grande melhora depois que começou a praticar remo em março de 2019. “Ele é muito mais alegre e fica contando os dias para fazer o remo. Todos os dias diz que está mais forte, ele é muito determinado”. Além disso, houve melhora na escola, o garoto está mais focado.
Na prática
Segundo Moisés Laurentino, fisioterapeuta do instituto, “não adianta chegar aqui e falar ‘o projeto é legal, as crianças são legais’, precisa provar isso e transformar toda essa alegria em números.”
Foi pensando dessa forma que o profissional passou a enxergar o local como centro de pesquisas. Hoje são feitas coletas de dados relacionadas a força muscular, desenvolvimento, acessibilidade e até mesmo perfis sociodemográficos por parte do serviço social e qualidade de vida por psicólogos.
A ideia é provar por meio científico os benefícios do remo. “É um esporte completo, não só atua no gasto energético, no volume de oxigênio que é introduzido no organismo, mas também no ganho muscular”, explica o fisioterapeuta.
Tais ganhos possibilitam também um desenvolvimento na autonomia desses atletas. Quem apresenta necessidades especiais está recorrentemente submetido à alguém, um familiar ou um médico. Na prática do esporte, desenvolve-se o controle do tronco e exige-se maior uso da musculatura. Além disso, no barco estão em uma situação de liberdade, o que proporciona fortalecimento mental.
“A deficiência dá uma falta de liberdade. Conheci o Remo Meu Rumo através da doutora Patrícia Moreno. Agora me sinto importante. Quero ser campeão!”, diz Pedro Brito, aluno do projeto.
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